sexta-feira, 25 de maio de 2012

GREVE II

Conforme conversa com a Profª Nivalda, nossas aulas estão suspensas devido à greve.
Maiores informações sobre o retorno das aulas serão informadas via blog e e-mail.

terça-feira, 22 de maio de 2012

GREVE

Hoje, dia 22/05/2012, não haverá aula devido ao início da greve. Fiquem atentos ao blog para maiores informações, pois poderemos retomar nossas aulas a partir da semana que vem (mesmo que a greve continue).

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Vincere, de Marco Bellocchio + Arquitetura da Destruição, de Peter Cohen + Ballet Mécanique, de Fernand Léger




Em 1924, com o filme Ballet Mécanique, o artista Fernand Léger levava para o cinema de vanguarda um discurso acerca da velocidade do trabalho maquinal numa sociedade industrializada, em que novos elementos, como os produtos manufaturados, contrastam com a presença humana. Léger discorre sobre a interpretação de significados dentro de uma obra, mostrando cenas como aquela em que imagens do número zero ganham um sentido diverso na medida em que são relacionadas com determinada frase. O recurso da repetição está presente e estrutura o filme. As imagens de Ballet Mécanique remetem à velocidade maquinal presente na rotina da sociedade industrializada. Este tema de interesse para Léger se relaciona diretamente com os fundamentos do futurismo idealizado por Filippo Tommaso Marinetti, especialmente a paixão pela velocidade e pela tecnologia.



À época de Ballet Mécanique, os artistas do chamado cinema avant-garde encontraram nas imagens em movimento um campo vasto para a pesquisa de um novo espaço plástico; Léger explora abundantemente as trucagens possibilitadas pela montagem, por exemplo, e essa investigação de uma tecnologia relativamente recente permitia ao artista criar obras de arte que se colocassem como uma resposta – e como uma crítica- ao academicismo. Tal postura em relação à tradição acadêmica era uma das características do dadaísmo, que buscava desafiar o status quo em todas as suas instâncias e fora responsável por introduzir, com Marcel Duchamp, a noção de arte enquanto ideia, assim como a afirmação de que ela poderia ser realizada a partir de qualquer coisa. Em seu espírito transgressor, porém, o dadaísmo pouco se assemelha ao futurismo. Enquanto o primeiro buscava uma liberdade expressiva total, onde a guerra era, sobretudo, o alvo de uma indignação crítica, o segundo exaltava a guerra e consolidava seus preceitos sobre bases totalitaristas.

É importante apontar que o ano de Ballet Mécanique foi também o ano em que o poeta francês André Breton lançava o surrealismo, que, de forma semelhante ao dadaísmo, mas com outro viés, buscava uma revolta contra os moldes estabelecidos pela sociedade e prezava a libertação do inconsciente, propondo uma transformação no modo de pensar do homem. Tanto o dadaísmo quanto o surrealismo se opunham ferrenhamente à guerra e eram contra o pensamento burguês comum.
O futurismo, por outro lado, considerava a guerra como a “única verdadeira higiene do mundo”. Esta máxima, utilizada pelo italiano Marco Bellocchio em seu filme Vincere, para ilustrar a relação entre o pensamento totalitarista do fascismo e a corrente futurista, aponta que os ideais de transformação dos futuristas estavam imbuídos de valores fascistas.

Em Vincere, Bellocchio traça a trajetória de Ida Dalser, que reivindicava a legitimação pública como esposa de Benito Mussolini, então líder fascista em ascensão. Essa subida ao poder é mostrada pelo diretor com uma plasticidade que recorre a algumas características do futurismo; ao longo da narrativa, os acontecimentos históricos são abordados com o uso de imagens de arquivo e notícias de jornais da época. Letras saltam sobre a imagem, contribuindo para a atmosfera de tensão crescente que Bellocchio deseja conferir à sua obra. Em dado momento, Mussolini visita uma exposição futurista, selando a união entre a arte futurista e a política fascista e assim, vemos de relance algumas das famosas obras de artistas que fizeram parte do movimento.

Este período histórico de ascensão do poder totalitário em alguns países da Europa é o ponto de partida para que o diretor Peter Cohen delineie, no documentário Arquitetura da Destruição, a teoria de que as bases do nazismo na Alemanha tenham sido construídas em grande parte com um pensamento mais artístico do que político. O interesse de Hitler na arte clássica, por exemplo, influenciara muito a sua visão de mundo segundo os ideais greco-romanos, o que se revela de forma nítida nos seus projetos arquitetônicos para várias cidades europeias.



Cohen estrutura todo o seu filme de forma a investigar as relações entre a arte e o nazismo. Enquanto Bellocchio nos mostra, em Vincere, que a presença do duce italiano na exposição futurista representava uma legitimação da arte pelo poder, resultante da associação deliberada e subseqüente apoio do futurismo à ideologia fascista, em Arquitetura da Destruição, Cohen apresenta uma tentativa do Terceiro Reich em associar-se, ideológica e esteticamente, a uma arte clássica. Para tanto, Hitler inicia um processo de restrição de liberdades criativas e destruição de obras realizadas pelo movimento expressionista. Em 1937, os nazistas inauguram a exposição de Arte Degenarada (Entartete Kunst), onde obras de artistas expressionistas eram apresentadas como produto plástico de mentes subversivas que exaltavam a doença psicológica e a deformidade física.

Em Arquitetura da Destruição, o ideal utópico megalomaníaco do totalitarismo se configura como oposição máxima ao que defendiam os dadaístas e os surrealistas. Enquanto na Itália o movimento futurista esvaía-se na própria ideologia, marcada como anti-humanista e rechaçada tão logo o fascismo entrasse em derrocada, o surrealismo propunha novos parâmetros de pensamento liberto da moral e o dadaísmo legitimava seu lugar na história da arte como o movimento responsável por abrir um caminho novo e repleto de possibilidades, onde a ideia se apresentava livre da tradição estética, permitindo uma abrangência condizente com o cenário em constante transformação do mundo moderno.

quarta-feira, 16 de maio de 2012


Vincere + Undergågens Arkitektur + Le Ballet Mécanique

Futurimo e Benito Mussolini
É a partir da Itália que fundou-se o futurismo mas esse movimento não seria puramente  italiano, mas de importância mundial.  Filippo Tommaso Emilio Marinetti é o fundador e principal teórico do futurismo. No seu livro de poesias Guerra, a única Higiene do Mundo (1915) comemora o início da I Guerra Mundial (1914-918) e pede a entrada da Itália no conflito. Em 1919 adere ao fascismo e torna-se seguidor entusiasta de Benito Mussolini. Mussolini foi um dos fundadores do fascismo italiano que é uma doutrina totalitária desenvolvida a partir de 1919.
O principio unificador era a paixão pela velocidade, o poder, as novas máquinas, tecnologias e o desejo de transmitir o “dinamismo”. Os futuristas apresentam um conceito de “linhas de força”. Os objetos revelam em suas linhas a calma ou o frenesi, a tristeza ou a alegria. Apesar de uma arte inovadora essa vanguarda ideologicamente é antidemocrática militarista e machista, associando-se às ideias fascistas de Benito Mussolini. O nono item do manifesto futurista declarava:” Glorificaremos a guerra- a única verdadeira higiêne do mundo-, o militarismo, o patriotismo, destrututivo do anarquista, as belas ideias que matam e desprezo á mulher.”
No filme de Marco Belloncchion, Vincere, Benito mussolini está a visitar a exposição futurista de 1917. Declara: ” que alegria, o ta-ra-ta-ta das metralhadoras. A Italia precisa de gente disposta a arriscar a pele, a derramar o próprio sangue da vitória. Somente assim se pode mudar. O futurismo é a centelha que fará incendiar a podridao de nosso tempo. Viva a guerra! Viva o futurismo!” E continua a passear pelos quadros fazendo barulho de explosões.
Le Ballet Mécanique de Fernand Léger é um vídeo experimental com princípios do futurismo, o desejo de transmitir o dinamismo.  Em 1914,  com o início da Primeira Grande Guerra,  Fernad Léger foi recrutado para as trincheiras. Após esta etapa da sua vida, a sua pintura passou a representar a sua admiração pelos objetos mecânicos, tendo especial interesse pelos tanques de guerra. Na segunda guerra mundial exilou-se nos Estados Unidos da América. Ainda na segunda década do século, em 1924 produz e dirige Le Ballet Mécanique. No concerto, o ballet é uma dança de objetos mecânicos.  A combinação das  imagens parece feita por um caleidoscópio sempre em movimento.

Dadaísmo e Segunda Guerra Mundial
Dadá, em romeno significa “sim, sim”, e em francês, um cavalinho de pau. O dadáismo foi um fenomeno internacional e multidisciplinar, e significou um estado mental. Os conceitos e idéias se desenvolveram em New York, Zurique, paris, Paris e Berlim, durante e após a segunda guerra mundial, á medida que jovens artistas se agrupavam com o intuito de expressar sua indignação pelo conflito. Pare eles, os horrores da guerra, em escala cada vez maior, provavam a decadência e a hipocrisia de todos os valores estabelecidos. Eles se voltaram contra instituiçoes políticas e sociais.
 Formado por um grupo de escritores, poetas e artistas plásticos, dois deles desertores do serviço militar alemão, liderados por Tristan Tzara, Hugo Ball e Hans Arp. Tristan Tzara, pseudônimo de Samuel Rosenstock, seu pseudônimo significa “triste terra”, tendo sido escolhido para protestar o tratamento dos judeus na Roménia. Hugo Ball  era filósofo e romancista protestou “contra o humilhante fato de haver uma guerra no século XX”, fazendo-o questionar-se acerca dos valores tradicionais. Acreditavam que a única esperança para a sociedade era destruir aqueles sistemas baseados na razão e na lógica, substituindo-os por valores ancorados na anarquia, no primitivismo e no irracional. Muitos dos fundadores posteriormente deram início ao surrealismo.

Surrealismo/Outsider Art e Adolf Hitler
Adolf Hitler foi o líder do Partido Nacional Socialista dos trabalhadores Alemães. Segundo o filme “Arquitectura da Destruição”, é possível apontar aproximações entre o compositor Richard Wagner e Adolf Hitler. Wagner era o artista criativo e político, em uma só pessoa. Hitler absorveu a propostas de Wagner: o anti-semitismo, culto ao legado nórdico e o mito do sangue puro deram contorno a visão de Hitler sobre o mundo. Também de Wagner vieram as noções de arte para uma nova civilização. Uniria Vida e Arte.
Em 1930 é a ascensão de Hitler ao poder. O programa exige que a arte e cultura bolchevique seja banida, sejam destruídas. Os trabalhos serão mostrados publicamente e depois queimados.
Entre 1929 e 1933, varias exposições temporárias de Arte Marginal foram realizadas na França, Suíça e Alemanha. O grande impacto despertou uma violenta oposição daqueles que não aceitavam o valor artístico das obras. Em 1933 a Clinica de Heideberg é tomada pelo nazismo. A colecção de Heidelberg contém desenhos, pinturas e bordados de doentes de varias clinicas e nacionalidades. Instala-se o programa de exterminação dos doentes mentais e usa a colecção para fins de propaganda nazista. Na Alemanha e na Áustria inicia-se o programa de exterminação dos doentes mentais e usa a colecção para fins de propaganda nazista.
Em 1937 são realizados na Alemanha e na Áustria uma série de exposições da chamada “arte degenerada”. A arte degenerada estava em oposição as manifestações de arte “sadia”. Essas exposições depreciavam o acervo de Heidelberg e obras de artistas de arte moderna, como Cézanne, Van Gogh, Klee, Kandinski, Kokoshka, Chagal entre outros. A arte era de fundamental importância para a campanha nazista, tinha um enfoque preconceituoso, negando qualquer valor artístico. A degeneração cultural era considerada uma ameaça. Essa atitude nazista acabaria por afirmar o valor artístico. Comprovaria que não há fronteiras entre os ditos normais e loucos.
Os surrealistas foram os descobridores do valor artístico da produção dos loucos. A produção dos esquizofrénicos esta em primeiro lugar. A arte psicótica não é mantida a margem. É reencontrada a função do louco na sociedade, trata-se de reconhecer aos marginais da arte o direito de existir, e as suas obras. “ Nas instituições psiquiátricas do mundo inteiro são rotuladas como seres embrutecidos e absurdos. Apesar dessa trágica concepção, desse abismo criado pela ciência, surgem, do mais profundo da alma, imagens mais inusitadas e belas.”

Vincere / Arquitetura da Destruição / L'Etoile de Mer


A arte normalmente traduz os sentimentos e aflições da época em que é produzida, mesmo nos movimentos de vanguarda, os artistas seguem seus impulsos de produção que estão necessariamente atrelados ao contexto histórico podendo ser inclusive de negação a essa realidade. 
No filme Vincere, o diretor trás a ascensão do ditador italiano Mussolini, desde sua época de militante político, até sua chegada ao poder. Nesse seu processo houveram diversos fatores que levaram à sua conquista, e um deles é a situação política e cultural na qual a Itália estava inserida na época. Os meios que dispomos para perceber quais eram os anseios da população italiana naquele momento histórico pode ser visualizado pelas produções artísticas, sendo o Futurismo o movimento artístico que ganhava força nesse período. 

O Futurismo teve início na Itália, e sua ideologia está pautada na idolatria a tecnologia. Com toda a efervescência das industrias, o aperfeiçoamento dos produtos mecânicos trouxe para o imaginário da época toda uma gama de possibilidades para o futuro da humanidade, sendo isso reproduzido nas produções artísticas, com pintores, poetas, compositores, arquitetos, entre outras manifestações. Já em seu viés político, o movimento dialoga com ideologias fascistas e nazistas, tendo em vista que há semelhanças ideológicas, como a forte tendência militarista somada a perspectiva de higienização social, a rejeição a tradição, e a obsessão as máquinas. 

O filme Arquitetura da Destruição traça melhor esse paralelo, trazendo todo o conceito artístico do movimento nazista, a partir da visão de Hitler. Porém o movimento nazista teve uma dimensão maior do Futurismo, foi como uma expansão e consolidação de suas principais ideias, sendo produzido inclusive projetos arquitetônicos inteiros nessa ótica, isso sem dizer do programa militar nazista que possuía especial atenção, junto com suas políticas de genocídio visando a higienização social. 

A partir do movimento Dadaísta, percebe-se uma nova abordagem na arte, as produções artísticas perdem a postura racional e controlada e entram no terreno da subjetividade e da crítica. Os ideais do movimento dadá extrapolam o limite teórico e partem para um coletivo onde os membros incorporam os conceitos como um de estilo de vida dadaísta, surgindo uma especie de comunidade. Os seus artistas são dotados de um senso de ironia, sarcasmo, humor e agressividade no qual buscam questionar a moralidade e o senso comum na sociedade ocidental.
Na medida em que o movimento se consolidava no cenário mundial, e outros artistas influenciavam o desenvolvimento do Dadaísmo o diálogos com outras produções se tornaram mais evidentes, trazendo uma força de crítica cada vez mais acentuada, inclusive sobre o próprio conceito de arte. Duchamp promove a popularização do movimento fazendo obras no qual satiriza vários ícones da arte mundial, como por exemplo a Monalisa de Leonardo da Vinci. 

Já nos trabalhos de fotografia e filmagem de Man Ray, mais especificamente L'Etoile de Mer, temos uma linguagem ousada, que dá a impressão de ser uma tentativa de explicitar como estão as relações nos tempos modernos. Man Ray associa a inclusão das tecnologias e do cotidiano moderno às novas relações sociais, trazendo imagens que mostram comportamentos paranoicos e mudanças nas relações amorosas.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Arquitetura da Destruição, Vincere, Un Chien Andalou

A Arquitetura da Destruição, de Peter Cohen,1989 documentário que traça a trajetória de Hitler e de alguns de seus mais próximos colaboradores.

 Artista frustrado (aos 18 anos fora recusado na Academia de Arte de Viena), Hitler tinha, maquiado por um ideal político, a ambição de criar um mundo mais belo, livre de “impurezas”. Inspirado pela ópera "Rienzi", de Wagner, que enaltecia o antissemitismo, o culto ao legado nórdico e o mito do sangue puro, tinha como ideais as culturas romana, grega e espartana. Para Hitler, a arte era a representação da superioridade da raça ariana, em contraposição às demais.

 Os teóricos nazistas associavam a Arte Degenerada a grupos revoltosos, sublevadores como os judeus e os bolchevismo da Rússia. Pois nesse período florescia na Europa diversas teorias raciais que influenciariam Hitler, fazendo com que ele desenvolvesse uma política de não aceitação da grande maioria das obras modernistas (incluindo Bauhaus, Dada (os mais degenerados), Cubismo, Expressionismo, Fauvismo, Impressionismo, Nova Objetividade e Surrealismo), que segundo ele representavam deformações genéticas existentes na sociedade. Ao passo em que erradicava a arte moderna da Alemanha, colecionava Arte Clássica, chegando a adquirir cerca de três mil trabalhos, todos catalogados.
 O que despertou no regime nazista, um projeto de arte em que se desenvolveria uma nova perspectiva dentro dos projetos, urbanísticos e arquitetônicos das cidades. Em 1940, Hitler visita Paris, acha a cidade linda, e resolve deixa-la inteira, pois quando Berlim estivesse pronta, Paris seria apenas uma sombra, ai se inicia a reforma de Paris e a construção de vários outros prédios em Berlim. Em 1941 as tropas de Hitler chegam a Atenas, mas não é como nos outros locais, ele proíbe o bombardeio a esta, pois, ele tem um grande amor pela antiguidade e Atenas juntamente com Roma representa toda a sua paixão, ele as considerava o modelo da sociedade que queria formar. Ele descreve Esparta como o estado da mais pura raça.

 Hitler era detentor de conhecimentos estratégicos de mídia e sabia usá-los de maneira impressionantemente bem para conseguir atingir seus objetivos. Portanto com uma postura ditatorial e totalitária, utilizava dos meios de propaganda para conquistar a moral dos soldados e da população civil, pois cada uma de suas frases causava emoção, uma histeria coletiva, durante seus discursos. Foi através de filmes que conseguiu convencer a todos que os judeus não poderiam estar em ascensão financeira, morando em casas bonitas, enquanto os alemães puros, de raça superior ficavam por baixo, morando em casebres.


 O oportunista Mussolini, retratado em “Vincere” (Dir. Marco Bellochio, Itália, 2009), era volátil de acordo com seus interesses, a princípio tinha a Alemanha, a Igreja e a Monarquia como inimigos, aos quais se aliou posteriormente. Apoiava o Movimento Futurista, pois este era a favor da guerra como instrumento de purificação. Assim como Hitler, Mussolini fazia sua propaganda política embasada em ideais ligados a um movimento artístico. Filippo Tommaso Marinetti, iniciador do movimento futurista, no livro de poesias "Guerra, a Única Higiene do Mundo" (1915), glorificou a I Guerra Mundial como o mais belo poema futurista. Alistou-se no exército italiano, defendeu a intervenção italiana na guerra e ingressou no Partido Nacional Fascista (1919). Politicamente foi um ativo militante fascista e chegou a afirmar que a ideologia do partido representava uma extensão natural das ideias futuristas. Foi preso com Mussolini em 1915, após a realização de discursos intervencionistas.


 “Un Chien Andalou” é um filme surrealista lançado em 1928, baseado numa mescla de sonhos dos escritores/diretores, Salvador Dali e Luis Buñuel, é considerado o maior representante do cinema experimental surrealista. É um ótimo representante da “Arte Degenerada”, não possui uma história na ordem normal dos acontecimentos, utiliza a lógica dos sonhos, baseado em conceitos da psicanálise de Freud, como o inconsciente e as fantasias.

Arquitetura da Destruiçao / Ballet Mécanique


Ballet Mécanique (1924) foi um projeto do compositor Americano George Antheil e dos artistas Fernand Léger e Dudley Murphy, com a fotografia de Man Ray. No filme, que foi o primeiro sem cenário, aparecem : uma mulher no balanço, formas geométricas, uma máquina de escrever, parque de diversões, uma mulher subindo a escada, o sorriso de uma mulher maquiada, os pés de um manequim em volta de um pêndulo, um chapéu, um quadro cubista animado de Chaplin, entre outros. Assim, Fernand Léger mostra uma fascinação por objetos fabricados, em uma harmonia entre o homem e a máquina. Arquitetura de Destruição (1989) é um documentário produzido e dirigido pelo cineasta sueco Peter Cohen, que trata do uso da arte e da estética pela Alemanha nazista.
Ballet Mécanique foi feito em uma época onde era falado de civilização maquinista. Um novo realismo foi utilizado nesse filme, que mostra que as máquinas e os fragmentos são plásticos.  Essa civilização é muito relacionada àquela idealizada pelos nazistas, que iam cada vez mais em direção à opressão do homem, já que, como podemos ver no Arquitetura da Destruição, os nazistas começaram seu discurso estético e biológico condenando os manicômios, lugares com uma qualidade de vida elevada, ao contrário do resto do povo alemão; em seguida o discurso nazista se virou para os enfermos, defendendo a eutanásia sem autorização da família, no documentário nazista mostrado, tem-se a afirmação de que “na natureza, tudo o que não é adequado perece”, usando-se da teoria da “seleção natural” de Darwin, só que aplicada num contexto bem diferente daquele. Os nazistas continuaram então a eugenia com a morte de crianças portadoras de má formação, em seguida com a exterminação de judeus estrangeiros, depois com a exterminação de judeus alemães. Assim, a ideologia nazista, como toda ideologia levada ao extremo, foi, aos poucos, destruindo os próprios grupos, porque nenhuma medida era suficiente para que eles chegassem em sua utopia ariana. Com essa tendência à autodestruição, a única coisa que permanecia intacta ou amelhorada, eram as máquinas, cada vez mais potentes e domindoras, enquanto o homem se exterminava. Assim, como em Ballet Mécanique, a performance não é estrelada por humanos, mas sim por máquinas.
Outro aspecto que pode relacionar os dois filmes, é o conceito de “arte degenerada”, que era a plataforma oficial adotada pelo regime nazista para proibir a arte moderna, e que era a favor da arte oficial, chamada de “arte heróica”.  Em 1937, os nazistas organizaram em Munique uma grande exposição de arte degenerada, apresentada como produto dos bolcheviques e dos judeus. A exposição apresentava trabalhos de doentes mentais, e trabalhos de artistas de vanguarda, colocando todas no mesmo nível de perversidade. Os estilos encriminados pelos nazistas e considerados como arte degenerada eram o dadaísmo, o cubismo, o expressionismo, o fauvismo, o impressionismo, o surrealismo, o abstrato, e o futurismo.
Apesar de Fernand Léger e Man Ray não serem estigmatizados como produtores dessa arte degenerada,  Ballet Mécanique se encaixa muito bem na descrição nazista do que não podia ser feito na arte. Com uma visão cubista, futurista e dadaísta, é criada uma nova percepção visual, onde várias imagens aparentemente aleátorias do dia-a-dia das pessoas são tiradas de seu contexto, repetidas, e interpostas a textos que também são descontextualizados, como por exemplo “on a volé un collier de perles de cinq millions”, que pode ser entendido como “roubamos um colar de pérolas de cinco milhões”, ou ainda “roubaram um colar de pérolas de cinco milhões”, e que provavelmente foi tirada de uma manchete de jornal, mas não há nenhuma explicação nem ligação visível. O filme que segue a “lógica” dadaísta, que é justamente a falta de lógica, é contrário aos padrões de beleza da “grande arte” que Hitler via na antiguidade clássica.
Pode-se concluir então que apesar do contexto social, politico e econômico de Ballet Mécanique e Arquitetura da Destruição serem muito próximos, o que os opõe é a maneira de representar essa sociedade, que naquele é claramente admitida como incoerente e opressora da humanidade, e que nesse só é admitida sua representação se ela for colossal e clássica.