terça-feira, 3 de abril de 2012

Étant Donnés


Étant Donnés, a última grande obra de Marcel Duchamp, é constituída de uma grande porta de madeira, envelhecida, como se atrás dela houvesse alguma espécie de porão ou depósito abandonado. À altura dos olhos, quando se aproxima da porta, percebe-se que dois furos alinhados ao centro permitem ao espectador exercitar sua curiosidade: ao espiar para dentro da obra, vislumbramos, através do recorte de um muro em ruínas, uma mulher nua, deitada numa estranha paisagem, cuja atmosfera de sonho é alimentada pelo lampião que a mulher segura na mão esquerda.


A obra, que começara a ser idealizada em 1946, só ficou conhecida pelo público após a morte de Duchamp, em 1968, e no ano seguinte foi montada a partir do manual de instruções que o artista deixara.
A enigmática figura feminina, cujo rosto não podemos enxergar, fora realizada a partir da escultora brasileira Maria Martins, amante de Duchamp; Martins posara nua para que o artista a fotografasse, numa pose que alude à obra L’Origine du Monde, de Gustave Courbet, de 1866.



O voyeurismo presente em Étant Donnés está repleto de um discurso sobre o desejo e as barreiras impostas pelas instituições sociais, assim como a construção da imagem da mulher, a questão da transposição do privado para o íntimo e o jogo entre espectador, obra e a própria História da Arte.

Fontes:

http://textosetextos.wordpress.com/2010/03/04/etant-donnes/

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