A
arte normalmente traduz os sentimentos e aflições da época em que
é produzida, mesmo nos movimentos de vanguarda, os artistas seguem
seus impulsos de produção que estão necessariamente atrelados ao
contexto histórico podendo ser inclusive de negação a essa
realidade.
No
filme Vincere, o diretor trás a ascensão do ditador italiano
Mussolini, desde sua época de militante político, até sua chegada
ao poder. Nesse seu processo houveram diversos fatores que levaram à
sua conquista, e um deles é a situação política e cultural na
qual a Itália estava inserida na época. Os meios que dispomos para
perceber quais eram os anseios da população italiana naquele
momento histórico pode ser visualizado pelas produções artísticas,
sendo o Futurismo o movimento artístico que ganhava força nesse
período.
O
Futurismo teve início na Itália, e sua ideologia está pautada na
idolatria a tecnologia. Com toda a efervescência das industrias, o
aperfeiçoamento dos produtos mecânicos trouxe para o imaginário
da época toda uma gama de possibilidades para o futuro da
humanidade, sendo isso reproduzido nas produções artísticas, com
pintores, poetas, compositores, arquitetos, entre outras
manifestações. Já em seu viés político, o movimento dialoga com
ideologias fascistas e nazistas, tendo em vista que há semelhanças
ideológicas, como a forte tendência militarista somada a
perspectiva de higienização social, a rejeição a tradição, e a
obsessão as máquinas.
O
filme Arquitetura da Destruição traça melhor esse paralelo,
trazendo todo o conceito artístico do movimento nazista, a partir da
visão de Hitler. Porém o movimento nazista teve uma dimensão maior
do Futurismo, foi como uma expansão e consolidação de suas
principais ideias, sendo produzido inclusive projetos arquitetônicos
inteiros nessa ótica, isso sem dizer do programa militar nazista que
possuía especial atenção, junto com suas políticas de genocídio
visando a higienização social.
A
partir do movimento Dadaísta, percebe-se uma nova abordagem na arte,
as produções artísticas perdem a postura racional e controlada e
entram no terreno da subjetividade e da crítica. Os ideais do
movimento dadá extrapolam o limite teórico e partem para um
coletivo onde os membros incorporam os conceitos como um de estilo de
vida dadaísta, surgindo uma especie de comunidade. Os seus artistas
são dotados de um senso de ironia, sarcasmo, humor e agressividade
no qual buscam questionar a moralidade e o senso comum na sociedade
ocidental.
Na
medida em que o movimento se consolidava no cenário mundial, e
outros artistas influenciavam o desenvolvimento do Dadaísmo o
diálogos com outras produções se tornaram mais evidentes, trazendo
uma força de crítica cada vez mais acentuada, inclusive sobre o
próprio conceito de arte. Duchamp promove a popularização do
movimento fazendo obras no qual satiriza vários ícones da arte
mundial, como por exemplo a Monalisa de Leonardo da Vinci.
Já
nos trabalhos de fotografia e filmagem de Man Ray, mais
especificamente L'Etoile de Mer, temos uma linguagem ousada, que dá
a impressão de ser uma tentativa de explicitar como estão as
relações nos tempos modernos. Man Ray associa a inclusão das
tecnologias e do cotidiano moderno às novas relações sociais,
trazendo imagens que mostram comportamentos paranoicos e mudanças
nas relações amorosas.
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