quarta-feira, 16 de maio de 2012

Vincere / Arquitetura da Destruição / L'Etoile de Mer


A arte normalmente traduz os sentimentos e aflições da época em que é produzida, mesmo nos movimentos de vanguarda, os artistas seguem seus impulsos de produção que estão necessariamente atrelados ao contexto histórico podendo ser inclusive de negação a essa realidade. 
No filme Vincere, o diretor trás a ascensão do ditador italiano Mussolini, desde sua época de militante político, até sua chegada ao poder. Nesse seu processo houveram diversos fatores que levaram à sua conquista, e um deles é a situação política e cultural na qual a Itália estava inserida na época. Os meios que dispomos para perceber quais eram os anseios da população italiana naquele momento histórico pode ser visualizado pelas produções artísticas, sendo o Futurismo o movimento artístico que ganhava força nesse período. 

O Futurismo teve início na Itália, e sua ideologia está pautada na idolatria a tecnologia. Com toda a efervescência das industrias, o aperfeiçoamento dos produtos mecânicos trouxe para o imaginário da época toda uma gama de possibilidades para o futuro da humanidade, sendo isso reproduzido nas produções artísticas, com pintores, poetas, compositores, arquitetos, entre outras manifestações. Já em seu viés político, o movimento dialoga com ideologias fascistas e nazistas, tendo em vista que há semelhanças ideológicas, como a forte tendência militarista somada a perspectiva de higienização social, a rejeição a tradição, e a obsessão as máquinas. 

O filme Arquitetura da Destruição traça melhor esse paralelo, trazendo todo o conceito artístico do movimento nazista, a partir da visão de Hitler. Porém o movimento nazista teve uma dimensão maior do Futurismo, foi como uma expansão e consolidação de suas principais ideias, sendo produzido inclusive projetos arquitetônicos inteiros nessa ótica, isso sem dizer do programa militar nazista que possuía especial atenção, junto com suas políticas de genocídio visando a higienização social. 

A partir do movimento Dadaísta, percebe-se uma nova abordagem na arte, as produções artísticas perdem a postura racional e controlada e entram no terreno da subjetividade e da crítica. Os ideais do movimento dadá extrapolam o limite teórico e partem para um coletivo onde os membros incorporam os conceitos como um de estilo de vida dadaísta, surgindo uma especie de comunidade. Os seus artistas são dotados de um senso de ironia, sarcasmo, humor e agressividade no qual buscam questionar a moralidade e o senso comum na sociedade ocidental.
Na medida em que o movimento se consolidava no cenário mundial, e outros artistas influenciavam o desenvolvimento do Dadaísmo o diálogos com outras produções se tornaram mais evidentes, trazendo uma força de crítica cada vez mais acentuada, inclusive sobre o próprio conceito de arte. Duchamp promove a popularização do movimento fazendo obras no qual satiriza vários ícones da arte mundial, como por exemplo a Monalisa de Leonardo da Vinci. 

Já nos trabalhos de fotografia e filmagem de Man Ray, mais especificamente L'Etoile de Mer, temos uma linguagem ousada, que dá a impressão de ser uma tentativa de explicitar como estão as relações nos tempos modernos. Man Ray associa a inclusão das tecnologias e do cotidiano moderno às novas relações sociais, trazendo imagens que mostram comportamentos paranoicos e mudanças nas relações amorosas.

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